quarta-feira, 10 de setembro de 2014

  Há muito tempo mantenho em meu quarto um cinzeiro, ainda sujo e fedorento (como é característico em todo cinzeiro).
  Acontece que, quando meus amigos e eu, nos reunía-mos em minha casa, virando madrugadas, fazendo planos para o futuro, assistindo vídeos de nossas bandas favoritas, relcamando da vida "difícil" de um adolescente, do tédio, dos amores eternos (de uma semana), dos pais que não nos entendiam (NUNCA. E agora entendemos que éramos nós quem não os entendiam), ou mesmo só pra darmos risadas, jogar conversa fora, vez ou outra, fumávamos alguns cigarros. E, a cada cigarro, parece-me que sentíamo-nos mais adultos. hahaha, que bobagem.
  Já faz algum tempo que não sou mais adolescente, e faz algum tempo, também, que já não fumo.
  Toda vez em que vou arrumar meu quarto, me vejo tentado a dispensar o fétido objeto, mas acabo sempre mantendo-o, no mesmo lugar.
  Mantenho o cinzeiro pelo mesmo motivo que mantenho em mim uma falsa de esperança de que eles, meus amigos, e eu, voltaremos a nos reunir e o cinzeiro virá a ser útil novamente.
Marcelo Rutshell.
(escrito em 05/09/2014)

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