terça-feira, 10 de abril de 2012

Um Sorriso e Meio



Hoje foi um dia estranho e a noite também está sendo.
Não há mais sorriso em meu rosto, nem inteiro, nem meio.
Não há sorrisos nem lágrimas, não há estrelas ou chuva.
não há completo sofrimento nem integral contentamento.

Há, sim, muitos planos e vontades, mas, ao mesmo tempo e em contrapartida,
há lembranças que melhor seria se elas todas fossem
esquecidas.

E elas são elos.
E eles, os elos,
se encaixam, se completam,
formando correntes distintas,
uma em cada braço
elas me prendem ainda,
não só ao meu mas, há muitos outros passados.

Ah, o passado... anseio um dia poder voltar a um tempo em que tudo estava em seu lugar,
sei que nada nunca esteve, mas olhando para o passado fica bem mais fácil fingir acreditar.

E é nisso que acredito, ou finjo...
Sim, eu sei, eu apenas finjo.
Mas não tenho certeza, minha memória é traiçoeira
e engana a mim enganando a si mesma.

Bem, onde eu estava? Ah, sim, no passado, no “ontem”.
Então, voltemos ao ontem.
Me pego rindo sozinho ao compreender que voltar não é possível...
Quem dera fosse.

Eu vejo o hoje
como sendo o maior de todos os mártires:
todos os dias ele morre
pela causa de um novo dia que nasce.

Mas, e quando o hoje terminar?
oras, o hoje será ontem, e o amanhã de ontem será hoje... e, a este novo hoje, atribuiremos também um novo amanhã...

mas tenha cuidado,
não se iluda,
este amanhã é como todos os outros:
não chegará nunca.

O amanhã é apenas mais um artifício criado por (e para) aqueles que precisam de (falsas) esperanças.
A esperança, para quem crê, é uma dádiva,
dádiva é (de “Deus”) um presente
mas sabemos que o amanhã é futuro,
então o que temos é o hoje e o hoje somente.

(Ah! Chega!!! -eu digo isto à mim mesmo:
Que confusão...
eu devo esquecer de tentar entender,
mas você não...

...não esqueça que hoje,
bem, hoje foi um dia atípico
com chuva de estrelas
e uma lágrima sorrindo...

...e, ainda como sempre,
hoje pode ser um dia perfeito
basta colocar um sorriso no rosto (de alguém, no seu, no meu),
não meio, mas inteiro.


Marcelo Rutshell - fevereiro 2012


I can always make you smile






Um comentário:

Cine disse...

Ótimo texto! Quero mais!! hehehe