sexta-feira, 18 de junho de 2010

Não Há Flores No Céu...



Têm dias em que a tristeza vem me visitar. Nesses dias ela me parece ser tão íntima...
Estar tão à vontade, tão... tão sem pressa de ir embora.

Hoje ela entrou e fechou a porta.
Somos somente nós dois agora...

Ela me trouxe algumas coisas, disse-me que eram apenas alguns presentes.
Mas o que me trouxe, na verdade, era o passado... o meu passado.
Coisas que eu nem lembrava mais, coisas que eu nem gostaria de lembrar.
Não muito confortável pedi à ela que fosse embora, dizendo-lhe que eu precisava ficar um pouco sozinho...

Ela disse que entendia mas não podia me deixar sozinho naquelas condições e,
mostrando-me uma fotografia, me fez lembrar que “amigos não deixam amigos”. Até parece, como se ela fosse realmente minha amiga.

Senti um aperto no peito... precisava de algo, de alguém...

A tristeza aproximou-se e, após um abraço, me beijou. Um gosto amargo, salgado.
Ela agora chorava, falsamente, claro, um pranto tão falso quanto seu sorriso vinha sendo há muito tempo...
A tristeza tinha agora outros nomes, outros rostos...
E o salgado de suas lágrimas amarelou em ferrugem o seu sorriso.

Senti agora um vazio no peito...

E foi minha vez de fazer chover em meu rosto... uma tempestade de sentimentos que sequer lembrava, de lembranças que ainda doíam, de dores que eu não quero nunca mais sentir... mas sei que vou, pois nunca... nunca é muito tempo...e a impressão que tenho é que mesmo muito tempo... nunca vai ser o bastante.

["TOC-TOC"]>> alguém bateu na porta << penso comigo mesmo: "quem será?"

Ao me ver chorando a tristeza decidiu que era hora de ir, com um ar de "dever cumprido" no semblante levantou-se e, dirigindo-se à porta de saída, disse-me que “já se ia”.

Abriu a porta, era a solidão quem batia.
A tristeza saiu...
a solidão entrou...

E me parecia tão íntima, tão à vontade... tão... tão sem pressa de ir embora.


A solidão entrou, fechou a porta e ficou, e aqui está... desde a hora em que eu escrevo até o momento em que você lê.

E, acredite, já não somos mais apenas nós dois.

Marcelo Rutshell.

24 comentários:

Unknown disse...

Muito bom, como todos os outros! :)

LaLaLa disse...

bem escrito, eu não diria invejável pq vc entrou na pele do personagem, ou nunca saiu dela ~

tristeza, solidão, dor.

morte não estaria incluso aí certo? :D

Cine disse...

Marcelo, evoluindo cada vez mais. Ja avisei que serás meu colunista favorito! E sobre essas visitas, pode ter certeza que não és o único a recebe-las...
Força Sempre, irmão!

Thomas Cobain disse...

Não tenho palavras de elogios pra citar...
Valeu a pena esperar novas postagens durante tanto tempo...

Sem mais delongas
Perfeito!

bruninha disse...

Não tenho palavras de elogios pra citar... [2]
muiito lindo *-*

Unknown disse...

Baaah,
esse mee deiixou sem palavras!

Oo, mto bOm! #)

Unknown disse...

Vejo a tristeza como um estado natural do ser, sobria e realista, a alegria sim, que é um transtorno, quando estamos alegres, estamos alterados, tal qual o ritmo cardíaco que antecede o orgasmo, e explode selvagem e animal, mudo, sem interpretações, a felicidade é burra.
Quanto a solidão, não vejo ela como algo externo a nós, à vejo sim como uma constante, vivemos sozinhos vinte e quatro horas por dia, desde o dia em que nascemos, e morremos sozinhos, e a mão vai inchar sozinha e os vermes vão jorrar sozinhos, por que a escencia do ser é a solidão, penetre alguém, beije alguém, mate alguém, grite com alguém, cuspa em alguém, mas será sempre tu, o alguém é só a tua interpretação do que seria outrem, nunca teremos ninguém e nunca estaremos com ninguém... o sol sempre se poe

PS: escreves maravilhosamente bem, é um prazer tê-lo conhecido, abraçãoooooo

LaLaLa disse...

esse garoto é um luxo [?]

aseiuhaseoiuehasoiuhaeosiuheasoiuh

tu tem muito futuro mesmo !!

parabéns xD

Gabriel Arévalo disse...

Concordo com o Fábio em ser um estado natural do ser. Vamos tomar um chá com elas, qualquer hora. Me visitam com freqüência, também.

Não precisa dizer que escreves maravilhosamente bem, né?

Bjão, garoto!

slacker.d disse...

A foto me lembra um certo poema.
"Menino Triste"

O Fabio Guilherme sabe de qual estou falando!


È,
legalzinho o blog.

Rose Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rose Nunes disse...

É assim mesmo....essas duas são abusadas mesmo, elas vem sem ser convidadas, ás vezes até batem à porta, mas noutras entram sem sequer avisar, tristeza e solidão, duas damas sem cerimônia...muito bom!

Jéssica Perla disse...

Nossa! Adorei, tu escreve muito bem mesmo, tem uma sensibilidade intensa e compreensivel, de certo modo tão angustiante que nesse instante cheguei me sentir assim também, muito tocante, mas se não fosse a tristeza o que seria da alegria? Esses momentos são valiosos, pois fazem da vida mais humana, com oportunidade de refletir. Muito bom teu blog! Tu escreve muito bem mesmo, de forma intensa e tocante.

J. disse...

Eu gostei desse texto. Gosto de alguns textos que me fazem sentir nele... O jeito que você escreve é bem semelhante, mas eu não sou muito boa com as letras, eu acho.
Aposto que tu tava ouvindo AiC quando escreveu esse... Brinks. Seu grunge gaúcho :D I liked.

Coisas sem pensar disse...

bha curti muito...
e quem nunca teve uma visita dessas!?
ontem mesmo ela chegou ate mim, sem nem pedir licença, sem delongas, sem bater na porta...
e ainda trouxe mais intrusos, fizeram uma zueira no meu quarto.
Enfim só foi embora quando satisfeita.
E quando olhei ao redor pensei:
- Que bagunça, vou ter q arrumar tudo isso agora.
Sera q foram eles mesmo? ou eu num breve surto psicótico????

Aliento mío disse...

Nossa , entrei nesse blog uma vez , e depois de muito tempo , me deparo com isso. Me surpreende Marcelo.

Marcelo Rutshell disse...

obrigado... é mt gratificante ver pessoas q nem conheço (gostaia de poder cenhecê-los) se identificando com o q escrevo e perceber q o q sinto não é tão único, q não sou tão triste, q nem tudo é dor (ao menos nada extraordinário)... qndo leio o comentário d pessoas q dizem "isso é exatamente o q precisava ler/ouvir hj", vejo q é possível sobreviver à isso tudo... isso, de certa forma me dá força e ajuda com q eu não caia (down) - novamente - em depressão, com q não me afunde em minhas próprias tristezas, não me afogue em minhas próprias lágrimas...
com td isso qro somente agradecer
à tds q lêem, mas principalmente aos q comentam... sei q mts q leram não comentaram (vejo isso pelo número de visualizações do blog)... Obrigado.
Marcelo Rutshell.

Maiane disse...

Muito Bom!!!!!!!!!!!!

Maiane disse...

Muitoooooooob Bom!!!!!!!

Maiane disse...

Muitooo Bom!!!

Rock N´ Roll disse...

Este foi o que mais me tocou.Realmente as vezes sinto que a solidão me visita,parece que eu já me conformei com isto.Posso está cercada de pessoas mas me sinto só e incompleta.Muitas vezes a presença dela me faz bem,pois consigo refletir e tento me conhecer mais.
Novamente parabéns e amei o geito sombrio.Almas solitárias tenho curiosidade em tentar conhece-las talves assim eu me intenda.

Rodrigo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rodrigo disse...

Tempos que não lia algo do tipo, bom saber que alguém ainda mantem esse tipo de coisa, esse mundo ta tão cheio de chat e site de relacionamento que a gente não sabe mais quando uma pessoa ama ou simplesmente "diz" que ama.
Parabéns Marcelo.

wallace Yona disse...

BA... mexeu comigo o que vc escreveu ai foi forte e pelo momento que estou passando foi mais ainda. continua escrevendo abraço