domingo, 5 de abril de 2009

5 de Abril - Grunge is Dead


5 de Abril de 1994 - Last Days



Há muito perturbado, confuso, com medo, pressionado pelo simples peso do mundo em suas costas. Com uma postura ainda mais indiferente que a de costume, ainda sensível, mas já não parecendo mais dar atenção aos que não lhe deram atenção.
Na verdade, já há muito mais tempo vêm sendo assim, mas nos últimos dias o peso parece tê-lo afetado ainda mais, de uma forma irreversível. Um processo que começou desde a infância, quando sentiu-se culpado pela separação da, então, aliança mais importante do mundo, aquela que lhe garantia a paz e o sorriso franco. Após isso, apenas sorrisos alienados.
Isolando-se em si mesmo, tentando fugir do interesse alheio, procurando um abrigo, mas por tão frágil não pôde perceber de onde realmente vinha o perigo. Algo dentro de si mesmo. Demônios que possuem siluetas muito familiares, quase um reflexo no espelho da alma.
Um ponto final ensurdecedor. E um novo parágrafo para o mistério, a incompreensão, a incredulidade, e o porta voz, poeta,quase um messias de toda uma geração (e de outras que vieram a seguir da sua), aquele que parecia ser algo realmente diferente em meio a tanta mesmice, enfim, mostra ser um simples mortal, com uma empatia aguçada, capaz de sentir como se fosse sua as dores alheias. Aqueles gritos continuam sendo audíveis, mas, em 5 de abril, a dor acabou. Descanse em paz.

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5 de abril de 2002 – “We Die Young”



“Pai, onde você esteve? Bem, não importa. Que bom que você está bem, eu também vou ficar. Por que não voltou antes? De quanto você precisa? E você sabe do que eu preciso? sabe do quanto precisei disso? Não, você não sabe. Me passe o meu alívio, e deixe como está.”

Sua família foi bandonada pelo pai - viciado em heroína - quando ele tinha apenas oito anos. Ainda adolescente, firmou uma obsessão pela música, a fim de se tornar celebridade e atrair as atenções do pai sumido.

Aos 16, procurou pelo pai - ainda escondido da mãe. Se decepcionou com o que viu e com a idéia do reencontro.

Se manteve vivo pela música. Via naquilo a única motivação para amenizar seus traumas. Conseguiu enxergar uma sobrevida além do problema, até que o pai o viu em uma capa de revista. Segundo ele próprio, o pai dizia estar longe das drogas há seis anos. "Então, porque diabos ele não voltou antes? Fiquei muito cauteloso no começo. Então, o relacionamento mudou. Meu pai começou a usar drogas outra vez. Nós dois tomávamos juntos e me encontrei em uma situação miserável. Ele começou a me visitar todos os dias para chapar e tomar drogas comigo. Eu estava tentado chutar esse hábito para fora da minha vida e lá vinha aquele homem me pedindo dinheiro para comprar mais. Ele finalmente se livrou do vício em heroína e eu ainda estou lutando."

Caíra em depressão profunda após a morte de sua namorada Demri Parrot, vítima de endocardite bacteriana,doença causada pelo uso de drogas. Após isso, seus problemas com as drogas só pioraram.

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Em 5 de abril de 1994, o canto berrado, o grito, se cala. Kurt Cobain fora encontrado morto, em um cômodo externo da casa onde se reclusara em seus últimos dias. Com um tiro na cabeça. Pela quantidade de heroína que havia aplicado naquele dia, possivelmente, não conseguiria sequer puxar o gatilho.
(...)
No dia 20 de abril de 2002, Layne Thomas Staley acabara sendo encontrado sem vida em seu condomínio, vítima de uma overdose letal de heroína combinada com cocaína (droga conhecida como "speedball") no dia 20 de Abril de 2002, seu corpo já entrando em estado de decomposição. O dia da sua morte foi dado como 5 de abril pela perícia, data que coincide com a morte, ainda não esclarecida, de Kut Donald Cobain.

Grunge is - NOT - Dead.


(Marcelo Rutshell).

14 comentários:

Unknown disse...

Muito bom cara. Parabéns.

Monte Santo disse...

Esse cara era um poeta...

Anônimo disse...

"É tão estranho os bons morrem jovens, assim parece ser quando me lembro de você que acabou indo embora cedo demais"

"I held out my hands into the light and i watched it die,
i know that i was part to play.
My god, my time to die.
Never want to spend my life alone"

Infernanda disse...

Belas palavras, e concordo: grunge is -NOT- dead! õ/

Nik disse...

incrivel.

Unknown disse...

Kurt e Layne nos sentimos suas faltas

Gabriel Amorim disse...

Me Surpreendi...
Seus textos foram nostálgicos, profundos...carregados de sentimento. Posso dizer que não li o seu texto, mas senti suas palavras... Senti uma saudade estranha, me senti "grunge"... Parabéns pelo blogspot!!

Gabriel Amorim disse...

Me Surpreendi...
Seus textos foram nostálgicos, profundos...carregados de sentimento. Posso dizer que não li o seu texto, mas senti suas palavras... Senti uma saudade estranha, me senti "grunge"... Parabéns pelo blogspot!!

Gabriel Amorim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anderson S. N. disse...

Belo texto! O grunge realmente desperta um sentimento de nostalgia a quem o aprecia. Não só hoje em dia, mas mesmo quando o grunge era atual, sempre despertou esta nostalgia. Movimento único q expressou de maneira sem igual o sentimento oprimido de uma geração encharcada de facismo e falta de sentido. Kurt, Staley, Vedder, Wood, Cornell: heróis! Heróis mortais, errados, simples, pessoas como nós. Que saudade da flanela, da cerveja e da garagem em noites de chuva. Faz tempo q tudo passou, mas este mesmo tempo não é capaz de matar esta anarquia.
GRUNGE IS NOT DEAD

Marcelo Rutshell disse...

agradeço aos q leram, principalmente aos q comentaram... GRUNGE IS NOT DEAD

Unknown disse...

Muito bom! Parabéns pelos textos. Tenho escutado MUITO nirvana e mad season, seu blog veio a calhar. O grunge foi o último movimento onde se via VERDADE transformada em música.

Anônimo disse...

curti cara a sua postagem, muito bom mesmo.

@jarbasajota

lero lero disse...

Máximo, layne exerceu uma influência muito grande na minha vida, me amarrei.