Amanhã é meu aniversário (grande coisa)... gostaria de pedir, encarecidamente, que não me dêem "parabéns". Neste ano não promovi a paz no mundo, não acabei com a fome, não descobri a cura de algum câncer ou da AIDS... então, parabéns pelo o quê?
Também não acertei na escolha da estrada pela qual venho caminhando, não me tornei essencial na existência de ninguém, não disse coisas boas às pessoas que me fizeram bem, nem às disse o quanto elas me fazem bem e lhes sou grato por isso... nem afastei-me de vez daquelas que me fazem mal (como "mal" entenda-se "que não me acrescentam em nada").
Nem sequer foi minha escolha permanecer vivo. Simplesmente estou. É mais fácil que a segunda opção.
Sim, eu sei, estou reclamando de "barriga cheia", também (ou principalmente) por isso não mereço receber de meus verdadeiros amigos os tais "parabéns".
Afinal eu não fiz nada que me dê méritos de ser parabenizado, nem mesmo a escolha de estar aqui ainda. E pior que isso, estando aqui nem se quer tenho corrido de verdade atrás das coisas que almejo, sonho, acredito.
Parabéns pelo o quê?
Por mais um ano de vida? Eu ao menos não vejo desta forma, percebo como um ano a menos que ainda me resta pra viver. "Pessimista", muitos dirão... não, não, apenas "realista".
Mas, se por acaso, algum de meus amigos não lerem isso (que é o mais provável) ou lerem e, ainda assim, vierem me parabenizar, saberei dizer "obrigado" (sincero, ainda que contrariado).
"não vejo no tempo o remédio
que cura todas as feridas.
O tempo é o veneno
que nos mata e consome a vida"
(Marcelo Rutshell)