sábado, 2 de junho de 2012

Happy Birthday Grunge



Amanhã é meu aniversário (grande coisa)... gostaria de pedir, encarecidamente, que não me dêem "parabéns". Neste ano não promovi a paz no mundo, não acabei com a fome, não descobri a cura de algum câncer ou da AIDS... então, parabéns pelo o quê?
Também não acertei na escolha da estrada pela qual venho caminhando, não me tornei essencial na existência de ninguém, não disse coisas boas às pessoas que me fizeram bem, nem às disse o quanto elas me fazem bem e lhes sou grato por isso... nem afastei-me de vez daquelas que me fazem mal (como "mal" entenda-se "que não me acrescentam em nada").
Nem sequer foi minha escolha permanecer vivo. Simplesmente estou. É mais fácil que a segunda opção.
Sim, eu sei, estou reclamando de "barriga cheia", também (ou principalmente) por isso não mereço receber de meus verdadeiros amigos os tais "parabéns".
Afinal eu não fiz nada que me dê méritos de ser parabenizado, nem mesmo a escolha de estar aqui ainda. E pior que isso, estando aqui nem se quer tenho corrido de verdade atrás das coisas que almejo, sonho, acredito.
Parabéns pelo o quê?
Por mais um ano de vida? Eu ao menos não vejo desta forma, percebo como um ano a menos que ainda me resta pra viver. "Pessimista", muitos dirão... não, não, apenas "realista".
Mas, se por acaso, algum de meus amigos não lerem isso (que é o mais provável) ou lerem e, ainda assim, vierem me parabenizar, saberei dizer "obrigado" (sincero, ainda que contrariado).

"não vejo no tempo o remédio
que cura todas as feridas.
O tempo é o veneno
que nos mata e consome a vida"
(Marcelo Rutshell)

terça-feira, 10 de abril de 2012

Um Sorriso e Meio



Hoje foi um dia estranho e a noite também está sendo.
Não há mais sorriso em meu rosto, nem inteiro, nem meio.
Não há sorrisos nem lágrimas, não há estrelas ou chuva.
não há completo sofrimento nem integral contentamento.

Há, sim, muitos planos e vontades, mas, ao mesmo tempo e em contrapartida,
há lembranças que melhor seria se elas todas fossem
esquecidas.

E elas são elos.
E eles, os elos,
se encaixam, se completam,
formando correntes distintas,
uma em cada braço
elas me prendem ainda,
não só ao meu mas, há muitos outros passados.

Ah, o passado... anseio um dia poder voltar a um tempo em que tudo estava em seu lugar,
sei que nada nunca esteve, mas olhando para o passado fica bem mais fácil fingir acreditar.

E é nisso que acredito, ou finjo...
Sim, eu sei, eu apenas finjo.
Mas não tenho certeza, minha memória é traiçoeira
e engana a mim enganando a si mesma.

Bem, onde eu estava? Ah, sim, no passado, no “ontem”.
Então, voltemos ao ontem.
Me pego rindo sozinho ao compreender que voltar não é possível...
Quem dera fosse.

Eu vejo o hoje
como sendo o maior de todos os mártires:
todos os dias ele morre
pela causa de um novo dia que nasce.

Mas, e quando o hoje terminar?
oras, o hoje será ontem, e o amanhã de ontem será hoje... e, a este novo hoje, atribuiremos também um novo amanhã...

mas tenha cuidado,
não se iluda,
este amanhã é como todos os outros:
não chegará nunca.

O amanhã é apenas mais um artifício criado por (e para) aqueles que precisam de (falsas) esperanças.
A esperança, para quem crê, é uma dádiva,
dádiva é (de “Deus”) um presente
mas sabemos que o amanhã é futuro,
então o que temos é o hoje e o hoje somente.

(Ah! Chega!!! -eu digo isto à mim mesmo:
Que confusão...
eu devo esquecer de tentar entender,
mas você não...

...não esqueça que hoje,
bem, hoje foi um dia atípico
com chuva de estrelas
e uma lágrima sorrindo...

...e, ainda como sempre,
hoje pode ser um dia perfeito
basta colocar um sorriso no rosto (de alguém, no seu, no meu),
não meio, mas inteiro.


Marcelo Rutshell - fevereiro 2012


I can always make you smile